Na ausência de qualquer contaminante atmosférico, a agua precipitada pela chuva é levemente acida, sendo de esperar um pH de aproximadamente 5,2 a 20 º C, valor inferior ao que resultaria se a solução ocorresse em agua destilada (pH = 5,6) devido à presença de outros compostos na atmosfera terrestre não poluída. Essa acidez natural, apesar de localmente poder ser influenciada pela presença de compostos orgânicos volateis e de óxidos de azoto gerados por trovoadas, resulta essencialmente da dissociação do dióxido de carbono atmosférico dissolvido na água, formando um ácido franco, conhecido como acido cabónico, segundo a reacção:
2 (g) + H2O (l) ⇌ H2CO3 (aq)
O ácido carbónico sofre ionização em solução aquosa, formando baixas concentração acidificantes de iões hidrónio:
2H2O (l) + H2CO3 (aq) ⇌ CO32- (aq) + 2H3O+(aq)
A ionização acima referida ocorre tanto nas gotículas de água atmosférica (nas nuvens, nevoeiros e neblinas), na água existente na superfície de gelos ou cristais de neve e ainda no orvalho e na água absorvida em partículas sólidas em suspensão no ar. É devido a essa multiplicidade de vias de formação que o termo chuva ácida, apesar de muito difundido, deve ser preferencialmente substituído pordeposição ácida, já que a acidificação da precipitação, com todas as consequências ambientais resultantes, pode ocorrer na ausência de chuva.
Em resultado dessa acidez natural, o limite para se considerar a precipitação como ácida é em geral um pH inferior a 4,5 (a 20 °C), o que corresponde a precipitação que contém concentrações mensuráveis de um ou mais ácidos fortes e que pela sua acidez causa comprovados efeitos negativos sobre as plantas, os organismos vivos aquáticos e as estruturas construídas e equipamentos com os quais entre em contacto.
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